quinta-feira, 17 de março de 2011

Chuva negra

Olhei pela janela da sala
a forte chuva que caía
Feito lágrimas de um coração partido
escurecendo em plena luz do dia


Notei a presença de um corvo
pendurado no galho de uma árvore
Atrás de seus olhos negros
a morte tão fria feito mármore


O céu escurecendo feito carvão
gotas de sangue na imaginação
Da mente atordoada do poeta
entre linhas da sua criação


Então deixe o poeta louco sacudir
onde não houver vida acudir
Então deixe o poeta louco escrever
entre linhas tortas pro seu próprio saber


A chuva que cai feito lâminas
cortando a nossa imaginação
Que é interrompida no momento
que termina a canção


A chuva que cai sobre o cemitério
entrando água dentro do caixão
Matando a sede dos vermes
da carne salgada em decomposição


Mais um raio que cai
assustando o nosso coração
Mais uma dose de whisky
para acompanhar essa triste canção


Enquanto a chuva lavava
toda calçada imunda
O corvo continuava me olhando
anunciando a dor profunda


Junior Core


quarta-feira, 9 de março de 2011

Na cidade

Olhos fixos ao mundo que me contorna
boca fechada para perguntas sem respostas
Meu nariz em linha reta de um novo arranha - céu
que surgiu feito um monstro vindo do papel
o espaço sendo perdido e a natureza rejeitada


Homens com suas pastas e gravatas andando pra lá e prá cá
sonhos desperdiçados pelo garoto no farol a ganhar
algumas moedas pro seu bolso a mendigar
Entre desilusões e fracassos mais um dia a chegar
para o inferno do nosso cotidiano querendo o pesadelo acabar


Sons, palavras, visões e lamentações a chorar
são peças essenciais pro monótono povo guiar
Pela estrada sombria pro abismo chegar
e o suicídio coletivo sendo o fim da esperança
para os sonhadores que só souberam sonhar


Olhos fixos ao concreto que me contorna
boca fechada a mesma pergunta sem resposta
Meu nariz em linha reta de um demônio a me vigiar
que surgiu vindo de um outdoor de uma empresa estrangeira
o espaço sendo perdido pelo consumismo sem fronteira


Junior Core