quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Epitáfio

Pulsos cortados lentamente
e o chão manchado pelo passado
do tempo gasto que não se esqueceu


Rasgaremos o verbo acidentalmente
do nosso presente inconsequente
asilo indecente da nossa juventude


Entre paredes mofadas e esbranquiçadas
corredor gelado do nosso necrotério
a caminho do nosso próprio sepultamento


Do nosso velório e lágrimas
dos nossos inimigos culpados
pelo pouco estrago que nos fez


Glorificaremos a nossa estupidez
e um brinde a nossa fraqueza
saudades de um tempo de aparência


Mas o tempo é mesmo solene
carnificina do nosso cotidiano
alicerce mental em ruínas


Violentamente pacífico e mesquinho
bandeira branca suja de sangue
da nossa guerra sem fim


Então jogue mais uma rosa morta
a sete palmos do chão
e deixe que os vermes faça o seu trabalho


Cubra todo buraco com muita terra
para que meu passado seja esquecido pelos inimigos
e que nesta noite tenha uma linda festa


Aqui jaz uma mente contestadora
apaixonado pela Anarquia vital
que resumiu sua vida em poesia


Então todos começam a ir embora
enquanto o coveiro dá o último retoque
na terra que continua caindo


Faz uma linda tarde de céu azul
enquanto os pássaros cantam
mas os pulsos não se fecham


Junior Core