O amor vagabundo nosso de cada dia

Sentados na sarjeta discutindo 
o fim da tarde trás um tom de melancolia 

Sua voz tremula e olhar de agonia 
refletia como foi o nosso dia

Algumas prostitutas perambulavam 
menino no sinal pedindo algum trocado

Loja vazia e vendedores entediados
na Farmácia mais um Rivotril foi comprado

Asfalto deteriorado e o prédio pichado 
nosso relacionamento parece mesmo arruinado 

Uma senhora desmaiou com o forte calor
do outro lado um gato comendo um pombo que pegou

Ônibus lotado e passageiros sufocados
na igreja o Cristo cansado com os braços arriados 

Neste louco cenário agora estamos
enlouquecendo aos prantos

Nosso amor sendo deixado 
junto com o mendigo abandonado

São Paulo grita por clemência 
a chuva cai lavando a nossa consciência 

Junior Core 

Entrelinha

Então certa vez você falou que estaria comigo para sempre. Que jamais me deixaria. Que eramos alma gêmea. Mas na primeira tempestade você recuou, se preocupou mais em procurar um abrigo do que enfrentar a chuva comigo. O céu era lindo quando estava azul, mas quando ficou cinza já não servia para aprecia-lo. Certa vez você falou que estaria comigo para sempre, mas o para sempre seu sempre para.

Junior Core 

Lua Minguante

Acariciava seu corpo 
foi sentindo aos poucos
A vontade de fazer
o que bem entender

Mais uma noite delirante 
espelho no teto refletindo 
Corpos despidos 
ainda ouvindo o seu suspiro

Musica tocando no radio 
sua cabeça sobre meu peito
Ainda sentindo desejo

Mais um gole de cerveja 
entre nós a proeza 
O inferno festeja  

Na horizontal eu te vejo
pedindo mais um beijo

O mundo se esqueceu 
agora sou todo seu

Junior Core 

Serotonina

Neurotransmissor em baixo contato
mais um dia de cabeça para baixo 
Leio algo que nem entendo ao certo
ligo a TV sem saber o que ver

Tarde que me remete ao passado
solidão e cansaço, me sinto exausto 
Neurose de alimentar a esperança
acho que estou perdendo a confiança 

Lá fora faz um lindo sol
mas estou aqui só 
Não depende de nós 

Uma fase ruim que não termina
será essa a minha sina ?
Uma poesia com rima

Garçom uma dose de Fluoxetina 
para uma artificial alegria
Estou vencendo mais um dia

Junior Core 

Sem pudor

Amor, amor e amor
do jeito que for...
E enquanto a dor ?
Deixo para quem carrega o rancor 

Junior Core 

Eu sou a Rua

Sarjeta repleta de vomito 
ratos em movimentos 
Bueiro engolindo o nosso lixo
merda e escarro no meio do nosso passeio 

Arranha - céu nos cobrindo
vai se perdendo o sol e o céu
Inferno em plena terra
aqui somos todos réus

Mendigos e prostitutas agonizando 
em plena praça junto com os pombos
Aqui ninguém é santo

Pedestres e automóveis se gladiando 
guerra civil se praticando
Nossa loucura não está se estabilizando 

Baratas e moscas no meio do lixo
junto com as crianças se divertindo

O caos é escrachado na multidão 
São Paulo terra de sonho e ilusão

Junior Core

No meio da multidão eu sou você (Tra la folla vi sono...)

Sou invisível entre as pessoas
vozes e sussurros se espalham
Sempre um olhar distante
gargalhadas e histerias me preocupam

Sempre tem algo para vender
e sempre tem algo para comprar
Somatizando almas vazias
vendendo a esperança

Um corpo caído na calçada
alguém não aguentou o remorso
Cheiro de morte entre os arranha-céu
o IML está chegando

Coroas fúnebres enfeitam a cidade
velórios super lotados
Lágrimas que praguejam o presente
mais um remorso enterrado

Sou invisível entre as pessoas
ninguém enxerga a minha lágrima
Sempre um olhar distante
e aqui não existe mágica

Junior Core

Homo Sapiens

Refrigera-me a alma

atordoada e desencantada

Esquecida e perdida

Valores e cifrões

nota atrás de nota

Números marcados

Correndo contra a bolsa de valores

o jogo começa

Antecipando o nosso sepultamento 

Sem glórias e sem troféu

mais um dia se passa

O gosto amargo do fel 

Solitários no meio da multidão 

caminhamos eu e você

Rumo ao nada

Criando coisas - código de barra

a marca da Besta

Mais um produto lançado 

Medo e solidão

parceiros inseparáveis

Grito de socorro

Manicômio de portas abertas

seja bem vindo - seja bem vindo

Se drogando para manter o controle

Junior Core

Coração maldito

Em ti que me espera
as verdades que não dera
Lágrimas que descem
medo que aparece
E o que vê te aborrece

Erro maior não te contar
injustificável se explicar
Castelo de areia se desmorona
perdeu minha confiança
Restando a triste lembrança

Maldito tempo que tira o meu tempo
quando estou contigo
Maldito erro de evitar o erro
quando estou contigo

Maldito coração sem noção
e não ter o que explicar
quando estou contigo

Maldito quando estou contigo
erro de evitar o que eu sinto
quando estou contigo

- Quando estou contigo.

Junior Core

Prelúdio sobre um dia ruim

Meu silencio é gritante
Meu sorriso se desmancha

Meu coração em apuros
Minha dúvida a certeza

Junior Core

Por dentro e por fora

Remoto controle
entalado no sufoco
Coração bobo
que me deixa tolo

Lucido entorpecido
calmo no perigo
Noite agonizante
entro em transe 

Por dentro e por fora
parece que nada importa
Você me destruindo
em meu silêncio o perigo

Junior Core

Retrocesso

Desconecto
Paralelo ao corpo
Sujeito morto
Sem conforto

Desapego
Chance de estar
Bem por ai
Sem medo (com medo) de ir

Descartado
Feito pra mim
Disse que sim
Estou à toa, enfim

Junior Core

Sexus Fetus

Então somos estranhos
e continuamos estranhos
Como algo que não se explica
mas tem que acontecer

Nossa carne banhada em suor
saliva e esperma por todo corpo
Nossas digitais marcadas
noite de taras

E do nosso prazer
o que restou dizer ?
Trouxe uma nova vida
nove meses aflita

Mas não teve vida
nati-muerto niño

Mas quem diria
tirou a nossa alegria

Era tudo que a gente via
carne, sangue e tripas

Junior Core