domingo, 12 de dezembro de 2010

Amar, amei

Sonhar, sonhei
Desejar, desejei


Pro meu próprio egoísmo escondido
do desejo do meu eu
te vi partindo


Beijar, beijei
Falar, falei


Pra tua vida que já não fazia parte
pro teu eu já não tinha eu
sonho acabado


Amar, amei
Chorar, chorei


Do caminho que se perdeu
do sorriso que se escondeu
Adeus, adeus


Junior Core


Anoiteceu em São Paulo

Então cai a noite na cidade deslumbrante
entre o mar de luzes e o colorido exuberante
dos meus olhos que navegam entre mil pensamentos
tendo uma garrafa de vinho sendo meu companheiro


Da imensidão de gente apressada com seu atraso
ocupados demais para prestar atenção
na selva de pedra que vai crescendo loucamente
na busca do dinheiro que vai matando o seu tempo


Ó minha São Paulo querida, meu majestoso manicômio
entre a miscigenação avassaladora e sonhadora
está sempre de braços abertos e sempre acolhedora
pra nossa máquina mortifera e muitas vezes destruidora


Entre um milhão de passos e centenas de casos
pra teu conforto misterioso ou duvidoso
do barulho ensurdecedor e cabuloso


Ó minha São Paulo infinita, cheia de pose e malícia
entre os arranha - céus e os suicidas
é testemunha de uma vida sofrida


Agora me perco dentre a multidão sonhadora
no caos do trânsito e no barulho da buzina
para muitos seria o fim da linha e para outros o começo da vida


Junior Core


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Carnal

Desejei ela por assim dizer
com vontade e intensidade
se tratava de desejo indecente
Pecado consumado era o que queríamos
como em Sodoma e Gomorra
blasfêmia e tentação
O inferno era o nosso próprio corpo
e no nosso corpo que fervia
não havia lugar pra deuses e anjos
Apenas satisfação e vontade
gosto humano e selvagem
Entre o delírio e o suor
do nosso corpo despido
que se conhecia loucamente
E não tinha nada a ver com amor
muito menos com paixão
Se tratava de fornicação sexual
Se tratava de intensidade carnal


Junior Core


Paralelas

Então falei por falar
e ela estava lá
preparada pra me atacar
tudo soava naturalmente


Então nos olhamos
dois corpos opostos
textura com textura
pele com pele


O ambiente se fechava
enquanto ela me olhava
parecia que o mundo parava


Então segui meu caminho
ela seguiu seu caminho
era tudo muito estranho...


Junior Core


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Alea jacta est

Então o domínio se perdeu completamente
de tal forma que pensei estar louco
E toda realidade deixou de existir
em um momento de puro alvoroço


Da sátira da existência humana implacável
me vi dentro desse suposto jogo
Do povo sádico que não parava de aplaudir
vi sangue jorrando do ouvido, garganta e nariz


Então será que tudo se resume a isso ?
Por um momento eu me vi perguntando


Então é essa a diversão desse povo ?
A resposta pra todo esse sufoco


Então como diria Júlio César:

¨A sorte está lançada¨


Junior Core


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Paraíso dos devassos

Então o desejo da carne foi consumado
e o nosso pecado foi colocado em questão
(apenas se tratava de dois corpos despidos)


Então a falsa moralidade foi o juiz
do nosso crime sem perdão
(apenas dois corpos buscando o prazer)


Então todo pudor de nada adiantou
pra nossa defesa sem objeção
(chegamos ao orgasmo, chegamos ao orgasmo...)


E tão voraz foi a nossa sentença
pro fim de toda tola inocência
(eu quero de novo, eu quero de novo...)


Então fomos chamados de infames
Então fomos chamados de malditos
(eu quero de novo, eu quero de novo...)


Então eu gozei, ela gozou
Então eu gostei, ela gostou
(eu quero de novo, eu quero de novo...)


Junior Core


Marginal

O poeta marginal caminhava entre o inferno
esnobando e rindo do diabo
O poeta marginal caminhava entre o paraíso
querendo ver a cor da calcinha da santinha


O poeta marginal caminhava entre os hospícios
querendo roubar a camisa de força do enfermo
O poeta marginal caminhava entre ruas fétidas
querendo obter inspiração entre os maltrapilhos


Junior Core


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Majestoso manicômio

Eis-me aqui de peito aberto
mas não de livre e espontânea vontade
dentro deste quatro por quatro
esperando pra ser novamente dopado


Mas aqui dentro eu sinto vida
eu vejo a mais nobre sinceridade
Aqui dentro somos deuses e herois
eu convivo com a utopia da verdade


Nesta nova familia somos todos iguais
estamos todos no mesmo barco
Entre nós não existe o desprezo
nem sentimentos de inveja e nem asco


Aqui fugimos da tortuosa realidade
da inescrupulosa maldade
Aqui ninguém brinca com nossos sentimentos
entre nós existe o mais nobre dos desejos


Lá fora o mundo anda muito desumano
o homem caminhando pra sua própria cova
Lá fora existe algo de errado...


Atrás deste muro existe um inferno
um inferno cujo o homem é o próprio diabo
Atrás deste muro eu não consigo mais estar...


Agora aqui estou eu nesta nova página da vida
culpado pelo próprio sistema que me colocou aqui
Agora aqui estou eu sendo medicado


Agora entendo o que faz um homem enlouquecer
nessa guerra lá fora que me fez perder
Agora entendo o que faz um homem desistir


Majestosa insanidade, majestosa verdade
do lírico que se fez este ambiente
Majestoso encanto, majestoso manicômio
do ser inquieto que se fez em prantos


Junior Core


terça-feira, 26 de outubro de 2010

Suplicar dos malditos

Pedi veementemente toda tua compaixão
e me destes tua ironia escancarada
Pedi com ar de solidão
e pra teu coração nada chegava


Supliquei o mais sincero que podia
mas seu gélido sentimento desfazia
Supliquei com ar de esperança
pra tua frágil desconfiança


Agonizei em prantos de raiva
pra tua mórbida gargalhada
Agonizei sem chance de nada
pra tua boca sem fala


Junior Core


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Apenas por dignidade

Então nos vimos em um ato de desrespeito mútuo
entre nós mesmos não existe o bom senso,
ou nosso bom senso foi camuflado pelos donos do papel ?
Nossas vidas são resumidas e limitadas
ao exílio da nossa própria autoestima,
ou sobreviver das migalhas do estado
está de bom tamanho pra quem não tem nada,
pra quem já não sonha e vive o próprio pesadelo ?
Então o homem que se limita a usar
apenas 10% da sua cabeça animal,
se acha e sempre se achará inferior
e prefere deixar tudo como está,
tudo na mão daquele que ele acha capaz,
daquele que um dia chamou de ¨esperança¨
Mal sabe ele que tudo isso não passa de um jogo,
jogo no qual o vencedor é sempre o mesmo
e o perdedor sempre estará pronto para perder,
pronto para servir de bandeja o seu inimigo
Mal sabe ele que o imperialismo é um tigre de papel
Mal sabe ele que tem como reverter este placar
Mas pra quem pensa assim é dado o nome de subversivo,
foi dado esse nome pelo próprio sistema,
sistema esse que um dia pedio seu voto,
que um dia implorou sua ajuda
Pois ter uma massa alienada sempre foi seu objetivo,
ter uma sociedade sem opinião é a sua maior conquista
Então cabe a nós ser contestador, ser do contra
ter total conhecimento sobre o que está acontecendo,
pois o conhecimento é a arma mais poderosa que temos
E quando bem usada se torna uma arma mortal
que causará muita dor de cabeça para o estado,
muita dor de cabeça para quem devemos ver como inimigos


Junior Core


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Cântico do suicida

Só mais uma chance...


Estou aqui perdido sem teu conforto
e o espelho quebrado refletindo meu rosto
Em um tremendo vazio desonroso
para um ser aflito em puro desgosto


- Mas quem é o culpado ?


Sem cúmplice e sem defesa
para um olhar de tristeza
Sem otimismo e sem queixa
para uma vida sem proeza


- E no final tudo acaba assim ?


Mas pra que quer saber
se na hora mais importante
não desse uma palavra confiante
para um moribundo agonizante


- Então você pede mais uma chance ?


Só mais uma chance...


... ou aperto o gatilho neste instante ?


Junior Core


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Degradação humana

Todavia a mentira se torna verdade
e quando bem contada
dois mais dois é igual a cinco
e seres humanos caminhando pro abismo


Na mesmice do velho cotidiano
indicando a velha relação espaço - temporal
Entre transeuntes desqualificados
também chamados de desvalidos


O destaque das noticias entre as massas
já não há novidade pra nada
Para o desconsolo do miserável
sempre haverá o resto da migalha


Por aqui ou por lá
sempre resta esperar
Pela indecência governamental
ou com a esmola ficar


Caminhando entre um lado e outro
sem ter um pódio pra chegar
Sobrevivendo com um ou outro
nessa guerra que nunca vai acabar


Tanta ambição e ganância
já não se tem o que ganhar
Tanta vontade e carência
já não tem força nem pra chorar


Junior Core


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sangria

Entre teu corpo violado
tua voz trêmula
unhas que cravavam minhas costas
e todo aquele suor derramado


Sobre teu corpo desejado
loucamente penetrado
o vai e vem do teu abraço
entre suspiros e afagos


As paredes testemunhavam
nosso insano prazer
em ritmos frenéticos
o nosso corpo querer


A carne passou a ser a própria navalha
a razão passou a ser uma interrogação
mas nessa hora já nada importa
pra nossa vontade que nos devora


Junior Core


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Flores mortas aos rebeldes que se foram

Toda luta contida nesse barco à deriva
foi mais uma guerra vivida
Toda revolta armada com sangue e glória
se fez a história


Nesse mesmo louco entusiasmo
juntando mil pedaços
Nessa mesma eufórica utopia
se fez a nossa vida


Sempre à margem da verdade
e nunca da vaidade
Sempre por uma causa
sem tempo pra pausa


Gloriosa ideologia marcada
para o herói sem farda
Gloriosa militância fraudada
para o conteúdo sem nada


Esquecidos pelo perverso tempo
sem ter direito a um monumento
Esquecidos pela memória ultrapassada
já não se resta mais nada


Para os pensamentos e escritos
já não são mais lidos
Para os eternos heróis esquecidos
já não há perigo


Junior Core


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Assim como um todo

Vivemos em uma sociedade hipócrita
onde homens e mulheres caminham lado a lado
pisando na merda pra se perfumar
e cuspindo contra o vento pra se refrescar


Oh Deus, todo poderoso e impiedoso
que me trouxe a esse mundo imundo
pra ser obrigado a conviver com esse lixo humano
Obrigado por nada!


Junior Core


O sol pode esperar

Deitado na cama, sem saber que horas são
acuado entre paredes que me vigiam
Sentindo por um instante que todos se foram
está é a razão pelo que todos acreditam


Sentindo que tudo lá fora está morto
tão morto quanto a porta do meu quarto
tão sombrio quanto as cortinas encardidas
talvez esse seria meu conforto


Eu via o teto com um olhar suplicante
como se pedisse por clemencia
como se pedisse por perdão
e aquilo era totalmente maçante


O mundo lá fora caminhava
homens e mulheres gladiavam
com muito ódio se olhavam
enquanto no meu quarto eu pensava


Havia todo um jogo esquematizado
cartas marcadas se encontravam
haviam assim proclamado


E o mofo na parede refletia
a máteria se decompondo
e minha mente em plena afasia


O sol lá fora brilhava
crianças felizes brincavam
e eu no meu quarto sonhava


Junior Core


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Solitude

Foi dado a mim o presente
sem ter o que fazer e indecente
meus olhos correndo pelas paredes
sob a luz forte e incandecente


Foi dado à mim o agora
sem emoção e afora
entre o espaço e a hora
subentendido a demora


Foi dado à mim a paciência
entre a razão e a demência
com forte grito e desistência
sem ter a cura pra doença


Foi dado à mim toda tristeza
por toda inércia e fraqueza
sem prévia e antecedência
pela minha alma à pobreza


Junior Core


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Prozac

Quanta falta você me faz...


Dentre as belas noites de sono
onde meu corpo cansado e abatido
minuciosamente ferido 
encontrei a paz pra dormir


Dentre toda tristeza contida
em meu coração à deriva
insuportávelmente perdido
com você foi entendido


Dentre a ansiedade avassaladora
emocionalmente destruidora
em teus braços pude ter
a tua mão acolhedora


Dentre doze e doze horas
no tempo e a demora
pude assim perceber
que sem você não consigo viver


Junior Core


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Carta para um amigo

Lembra quando a gente achava
que mudaria o mundo ?


Caminhando sobre ruínas
entre estalo e poeira
Caminhando sob o sol
entre o inferno e a demência


Entre a busca e o desejo
nos restava o momento
Entre  a angústia e a vontade
sobrava o lamento


Entre andarilhos e manicômios
o medo não existia
Entre o paraiso e o caos
a luta prosseguia


Sobrevivendo como queira
assim foi aprendido
Esperando pelo nada
assim foi entendido


Dentre a relva e o cimento
em quem confiar
Dentre a água e o combústivel
o corpo a recuar


Sempre avante a proclamar
a liberdade desejar
Sempre por uma causa
o sonho sem pausa


Sem eira nem beira
sem partido ou oposição
Sem queixa ou deixa
sem palavra e opinião


Mas lembra quando a gente achava
que mudaria o mundo ?


Junior Core


domingo, 26 de setembro de 2010

Pesadelo de Icaro

Foi me dado toda ousadia do mundo
mundo imundo e abstrato
Toda forma se fez coerente
coerentemente foi me dado


Com facilidade pude aprender
aprender o inexplicável
Inexplicávelmente pude ver
o inexistente aprendizado


Sem querer perdoar e sofrer
fui perdoando meu sofrimento
Com amor e gratidão
se fez o mais nobre sentimento


Sem asas me vi perdido
sem alma me vi caindo
Meu sonho desmoronando
me vi só no precipicio


Junior Core


.

sábado, 25 de setembro de 2010

(...)

Fui o mais sincero que pude ser
como homem
Fui o maior revolucionário que lutou
como ativista



Fui um desbravador autêntico
como poeta
Fui aplaudido pela multidão
como prodigio



Mas de repente tudo ficou cinza
o tempo
Mas de repente o mundo mudou
o homem



Já não havia sinceridade em quem eu conhecia
em volta
Já não havia a mesma ideologia
em mente



Então resolvi dar cabo do problema
meu corpo
Então resolvi apagar a luz do fim do túnel
meu fim



Junior Core


Dedicado ao poeta, escritor e compositor Torquato Neto


Redenção

Oportuno o momento em querer justificar
o meu pecado mais obscuro
que guardei por tanto tempo
trancado a sete chaves


Retirar a culpa da consciência
a plenos pulmões
deve ser uma tarefa árdua
ao covarde que se fez santo


Santificado seja a sua hipocrisia
e abençoado seja a sua encenação
vamos tomar a hóstia de ópio
e batizar a sua redenção



Junior Core


Insônia

Na escuridão se faz o mais belo romance
entre a fresta de luz que entra no quarto
me surge as diversas imaginações



Escuto o barulho do motor do carro
que desce pela infinita rua
em busca da infinita estrada



Imagino o que outras pessoas estão fazendo
enquanto a escuridão banha a madrugada
Sem meias palavras, apenas o silêncio paira
sobre o corpo cansado que relaxa



Quantos himens foram rompidos ?
Quantos corpos se perdiam em puro prazer ?
Quantas mentiras estão sendo ditas ?
Quantos casamentos estão sendo desfeitos ?



A noite é mesmo misteriosa
e o silêncio é mesmo eloquente
As mesmas estrelas que brilham sobre a madrugada
são testemunhas de crimes perfeitos



Junior Core


Sobre a vida

A vida que me diga
o que não me prometia
eu só aprendia...



De tudo que sobrou
as marcas da vida levou
De toda ingenuidade
me restou a saudade



No tempo esquecido pela tinta
ficou as cicatrizes da vida
No relógio que resolveu parar
nada pude mudar...



E o vento que soprava
sobre as folhas caidas
eu apenas ouvia:



- O cantar dos passáros
- O bocejar da moça
- E o motor do avião



Mas a vida que me diga
alias ela não me prometia
eu apenas observava
sobre a mão que segurava uma faca

Era o fim pra mim..
.



Junior Core



O Chacal

Menino forte de olhar voraz,
menino esguio de pele parda
Menino decidido como homem,
homem ingênuo como menino


Homem em busca da identidade,
homem feito um adolescente
Homem lúdico a brincar,
e menino querendo o castigar


Menino homem agora é um só,
menino homem pensa melhor
Menino homem agora quer uma chance,
menino homem agora se viu só


Menino homem agora quer carne,
menino homem quer derramar sangue
Menino homem está pronto pra guerra,
Mas o mundo não está preparado para o menino homem



Junior Core





.

Alma morta

Do escuro talvez
do escuro interno
posso sentir a rejeição
a rejeição do mundo contudo


Do inferno talvez
do inferno interno
cabe o calor do meu sangue
calor que aquece a continuidade de mais um dia


Do medo talvez
do medo do pensamento
que atrai a ânsia do querer
a ânsia do que nem sei se existe


A angústia talvez
a angústia do que vejo
em pleno monumento
monumento concreto ao que vejo


Da culpa talvez
da culpa do que deixei
escapar quando tive a chance
escapar quando tive em mãos


Do egoísmo talvez
egoísmo que cegou
meus olhos lúdicos
que continuou lúdico por um bom tempo


Da mentira talvez
mentira que aceitei
como verdade verdadeira
como verdade e ficção


Da alma talvez,
da morte talvez...


Alma, morte
morte, alma...

Talvez, talvez...


Junior Core