terça-feira, 26 de outubro de 2010

Suplicar dos malditos

Pedi veementemente toda tua compaixão
e me destes tua ironia escancarada
Pedi com ar de solidão
e pra teu coração nada chegava


Supliquei o mais sincero que podia
mas seu gélido sentimento desfazia
Supliquei com ar de esperança
pra tua frágil desconfiança


Agonizei em prantos de raiva
pra tua mórbida gargalhada
Agonizei sem chance de nada
pra tua boca sem fala


Junior Core


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Apenas por dignidade

Então nos vimos em um ato de desrespeito mútuo
entre nós mesmos não existe o bom senso,
ou nosso bom senso foi camuflado pelos donos do papel ?
Nossas vidas são resumidas e limitadas
ao exílio da nossa própria autoestima,
ou sobreviver das migalhas do estado
está de bom tamanho pra quem não tem nada,
pra quem já não sonha e vive o próprio pesadelo ?
Então o homem que se limita a usar
apenas 10% da sua cabeça animal,
se acha e sempre se achará inferior
e prefere deixar tudo como está,
tudo na mão daquele que ele acha capaz,
daquele que um dia chamou de ¨esperança¨
Mal sabe ele que tudo isso não passa de um jogo,
jogo no qual o vencedor é sempre o mesmo
e o perdedor sempre estará pronto para perder,
pronto para servir de bandeja o seu inimigo
Mal sabe ele que o imperialismo é um tigre de papel
Mal sabe ele que tem como reverter este placar
Mas pra quem pensa assim é dado o nome de subversivo,
foi dado esse nome pelo próprio sistema,
sistema esse que um dia pedio seu voto,
que um dia implorou sua ajuda
Pois ter uma massa alienada sempre foi seu objetivo,
ter uma sociedade sem opinião é a sua maior conquista
Então cabe a nós ser contestador, ser do contra
ter total conhecimento sobre o que está acontecendo,
pois o conhecimento é a arma mais poderosa que temos
E quando bem usada se torna uma arma mortal
que causará muita dor de cabeça para o estado,
muita dor de cabeça para quem devemos ver como inimigos


Junior Core


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Cântico do suicida

Só mais uma chance...


Estou aqui perdido sem teu conforto
e o espelho quebrado refletindo meu rosto
Em um tremendo vazio desonroso
para um ser aflito em puro desgosto


- Mas quem é o culpado ?


Sem cúmplice e sem defesa
para um olhar de tristeza
Sem otimismo e sem queixa
para uma vida sem proeza


- E no final tudo acaba assim ?


Mas pra que quer saber
se na hora mais importante
não desse uma palavra confiante
para um moribundo agonizante


- Então você pede mais uma chance ?


Só mais uma chance...


... ou aperto o gatilho neste instante ?


Junior Core


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Degradação humana

Todavia a mentira se torna verdade
e quando bem contada
dois mais dois é igual a cinco
e seres humanos caminhando pro abismo


Na mesmice do velho cotidiano
indicando a velha relação espaço - temporal
Entre transeuntes desqualificados
também chamados de desvalidos


O destaque das noticias entre as massas
já não há novidade pra nada
Para o desconsolo do miserável
sempre haverá o resto da migalha


Por aqui ou por lá
sempre resta esperar
Pela indecência governamental
ou com a esmola ficar


Caminhando entre um lado e outro
sem ter um pódio pra chegar
Sobrevivendo com um ou outro
nessa guerra que nunca vai acabar


Tanta ambição e ganância
já não se tem o que ganhar
Tanta vontade e carência
já não tem força nem pra chorar


Junior Core


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sangria

Entre teu corpo violado
tua voz trêmula
unhas que cravavam minhas costas
e todo aquele suor derramado


Sobre teu corpo desejado
loucamente penetrado
o vai e vem do teu abraço
entre suspiros e afagos


As paredes testemunhavam
nosso insano prazer
em ritmos frenéticos
o nosso corpo querer


A carne passou a ser a própria navalha
a razão passou a ser uma interrogação
mas nessa hora já nada importa
pra nossa vontade que nos devora


Junior Core


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Flores mortas aos rebeldes que se foram

Toda luta contida nesse barco à deriva
foi mais uma guerra vivida
Toda revolta armada com sangue e glória
se fez a história


Nesse mesmo louco entusiasmo
juntando mil pedaços
Nessa mesma eufórica utopia
se fez a nossa vida


Sempre à margem da verdade
e nunca da vaidade
Sempre por uma causa
sem tempo pra pausa


Gloriosa ideologia marcada
para o herói sem farda
Gloriosa militância fraudada
para o conteúdo sem nada


Esquecidos pelo perverso tempo
sem ter direito a um monumento
Esquecidos pela memória ultrapassada
já não se resta mais nada


Para os pensamentos e escritos
já não são mais lidos
Para os eternos heróis esquecidos
já não há perigo


Junior Core


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Assim como um todo

Vivemos em uma sociedade hipócrita
onde homens e mulheres caminham lado a lado
pisando na merda pra se perfumar
e cuspindo contra o vento pra se refrescar


Oh Deus, todo poderoso e impiedoso
que me trouxe a esse mundo imundo
pra ser obrigado a conviver com esse lixo humano
Obrigado por nada!


Junior Core


O sol pode esperar

Deitado na cama, sem saber que horas são
acuado entre paredes que me vigiam
Sentindo por um instante que todos se foram
está é a razão pelo que todos acreditam


Sentindo que tudo lá fora está morto
tão morto quanto a porta do meu quarto
tão sombrio quanto as cortinas encardidas
talvez esse seria meu conforto


Eu via o teto com um olhar suplicante
como se pedisse por clemencia
como se pedisse por perdão
e aquilo era totalmente maçante


O mundo lá fora caminhava
homens e mulheres gladiavam
com muito ódio se olhavam
enquanto no meu quarto eu pensava


Havia todo um jogo esquematizado
cartas marcadas se encontravam
haviam assim proclamado


E o mofo na parede refletia
a máteria se decompondo
e minha mente em plena afasia


O sol lá fora brilhava
crianças felizes brincavam
e eu no meu quarto sonhava


Junior Core


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Solitude

Foi dado a mim o presente
sem ter o que fazer e indecente
meus olhos correndo pelas paredes
sob a luz forte e incandecente


Foi dado à mim o agora
sem emoção e afora
entre o espaço e a hora
subentendido a demora


Foi dado à mim a paciência
entre a razão e a demência
com forte grito e desistência
sem ter a cura pra doença


Foi dado à mim toda tristeza
por toda inércia e fraqueza
sem prévia e antecedência
pela minha alma à pobreza


Junior Core


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Prozac

Quanta falta você me faz...


Dentre as belas noites de sono
onde meu corpo cansado e abatido
minuciosamente ferido 
encontrei a paz pra dormir


Dentre toda tristeza contida
em meu coração à deriva
insuportávelmente perdido
com você foi entendido


Dentre a ansiedade avassaladora
emocionalmente destruidora
em teus braços pude ter
a tua mão acolhedora


Dentre doze e doze horas
no tempo e a demora
pude assim perceber
que sem você não consigo viver


Junior Core