Rainha Branca

Sentada em seu trono diante de míseros dependentes

és a perfeição de toda loucura encontrável

do mundo real que queremos fugir

Insubestimável poder eficaz que causa na mente

boca seca, dente dormente e arritmia

ansiedade, paranoia e euforia

És a Rainha do submundo dos perdidos e desiludidos

necessitados de autoestima e incompreendidos

válvula de escape dos entristecidos

Overdose de exagero e gosto de quero mais

destrutível poder que causa na mente

Rainha és tu esticada no espelho

Junior Core

Vanguarda (avant-garde)

Sempre a frente do imaginável
inexplicável insaciável saber
doutrina inexecutável

Sempre a frente do impossível
inerente ao meu objetivo
desregrado convir

Sempre a frente do meu mundo
deteriorado e ultrapassado
desprovido e enferrujado

Junior Core

Prelúdio de dois corações vagabundos

E quantas vezes eu fui um idiota pra você ?
Esperando entardecer ao lado de quem não me vê 
Querendo um pouco mais do que não posso ter
Imaginando o seu sorriso pra minha alma não enfraquecer

Mas e se amanhã tudo mudar
E um belo dia vai chegar
Do meu silêncio poder quebrar
E a tua presença real se concretizar

E quantas vezes o idiota se esqueceu ?
Dos becos que você própria se perdeu
Entre bares e copos vazios se entristeceu
E com a minha chegada se enfureceu


Mas e se amanhã tudo mudar
E um belo dia vai chegar
Do meu silêncio poder quebrar
E a tua presença real se concretizar

Junior Core

Sociedade rumo ao caos predestinado

Vivemos em um paraíso artificial onde vontade e poder não caminham juntos. Sociedade apressada demais com seu atraso e esquecida demais com seus prazeres. Na corrida pelo dinheiro, a chegada são nossos túmulos, e a cada tic tac do relógio é um tempo a menos para olharmos para nós mesmos. Mundo carnívoro que vai nos devorando aos poucos. Capitalismo acima de tudo. Cada um por si e o dinheiro contra todos.

Junior Core

Fortaleza

Me sinto seguro dentro do meu mundo
atrás dos meus olhos limitado ao que posso alcançar

Guardiões que me protegem 24 horas
muralha indestrutível para meus inimigos

Arqueiros com suas flechas apontadas do alto da torre
esperando apenas as minhas ordens para começar

Exercito pronto para guerrear em meu mundo
lúdico limitado apenas ao que posso alcançar

Alucinações depois de oito gotas de Rivotril
e uma dose de whiskey para eu surtar

Junior Core

Coração selvagem

Enquanto te vejo despida
recebendo o convite do teu prazer
deitada na cama me olhando

Inúmeras vezes imaginei
como seria com você
teu corpo é o que mais sonhei

Quantas parceiras já tive
quantas vezes me perdi no prazer
quantos himens foram rompidos

Suor cravado no travesseiro
cheiro de sexo na cama
entre desejos e devaneios

Penetrações e gemidos alucinantes
dentes que marcavam meus lábios
confissões entre quatro paredes

O sol entrando pela janela
anunciando mais um dia
e teu corpo despido sobre o meu

- Tenha um belo dia querida!

Junior Core

Nem mil âncoras pode parar esse navio

Silêncio, silêncio


Teus olhos longínquos além do horizonte
corpo inerte sobre a areia molhada


Silêncio, silêncio


Apenas o som das ondas e das gaivotas
olhar que ia cada vez mais se distanciando


Silêncio, silêncio


A única imagem que viu foi um navio
se perdendo no meio do oceano


Silêncio, silêncio


Niilismo que tomava conta do espaço
entre o azul do mar e o céu nublado


Silêncio, silêncio


Calmaria melancólica e a sombra do teu corpo
e teus olhos longínquos que iam além do horizonte


Silêncio, silêncio


Junior Core

Teu beijo

Desperta em mim o teu doce segredo
escondido atrás do teu olhar ingênuo
coberta pela maquiagem que esconde a sua idade
e me faz querer te descobrir cada vez mais


Teus lábios junto aos meus é explosão
cada canto de tua boca sendo desvendado
cada passada de língua junto a sua
era o calor que queimava todo o meu corpo


Sensação de prazer e alívio imediato
é o que sinto quando estamos no intimo
tua boca que pouco fala mas muito faz
é o que me faz esquecer de tudo e todos


Cada toque em teus lábios sedentos de afeto
é o vulcão em erupção do meu corpo
cada mordida em teus lábios sedentos de desejo
é o que desperta meu instinto mais sacana quando te vejo


Apenas  eu e você, você e eu
boca com boca
Apenas eu e você, você e eu
fogo com fogo


Junior Core

Retórica

Perguntas que já sabe a resposta
discurso ensaiado me enoja
Argumento repetitivo e sem lógica
ilusão pro meu ponto de ótica


Falso alarme já não me assusta
do meu eu não faça o teu eu
Mundo paralelo e dividido
não peça firmamento e nem abrigo


Contemporâneos perdidos no museu
atrás daquilo que se perdeu
A história enferrujando atrás do vidro
o medo do esquecimento é teu castigo


Me traga uma sacola de perguntas
que te dou as mesmas respostas
Falhamos ontem, hoje e talvez amanhã
mas pensaremos nisso pela manhã


Cada vez que levantamos da cama
é uma chance de recomeçar
Cada vez que abrimos a porta
tem um mundo novo a nos esperar


Chantageando o teu semelhante
é uma forma de extravasar
Arquitetando a tua mentira
modo operante de práticar


Junior Core

True love

Quantas vezes mais teremos
que dar murro em ponta de faca
vidas que passam sem notar


Olhares que se perdem misteriosamente
ocasional entre quatro paredes
cometendo erros loucamente


Esperança que vai se desgastando
palavra bonita já não me toca
o ¨Eu te amo¨ se tornou clichê


Mas ainda acreditamos nele
só ainda não fomos apresentados
enquanto isso vamos errando novamente...


Junior Core

Porta fechada

Já não sei mais se foi por medo
que não arranquei meus pulsos fora...
Já nem me lembro mais qual foi a última vez
que teus lábios tocaram os meus...


Porta fechada que não me deixa entrar
tantas vezes me vi aqui sozinho batendo
e você sem querer abrir essa porta
E já não tenho mais a chave
que tantas vezes usei para abrir essa porta


E agora tanto faz pro teu coração trancado
por orgulho idiota e desprezo
E agora tanto faz se esse meu tanto faz
é apenas por orgulho idiota e desprezo


Já não sei mais se foi por medo
que não arranquei meus pulsos fora...
Já nem me lembro mais qual foi a última vez
que teus lábios tocaram os meus...


Junior Core

Dois

Não peço que sinta minha dor
nem ao menos que derrame uma lágrima
Em teu semblante não há dúvida
dos teus erros imperdoáveis


Somos tiranos do nosso próprio ego
nossa farsa é mesmo teatral
Personagens desvalidos num palco sujo
encenando a nossa própria desgraça


Mas o céu continua azul e majestoso
e o sol brilhando intensamente a nossa face
Nada mudou e nem saiu do lugar
apenas estamos vivendo o nosso inferno


Nossos anjos viraram horríveis demônios
e até a nossa sombra fugiu de nós
Malditos decretados por nós mesmos
alimentando-se do nosso vomito


Mas querida veja bem a vida é linda
no fim do arco-íris não existe ouro
E sim um abismo tenebroso
então vamos rir do nosso próprio medo


Não há com que se preocupar meu amor
vamos sobreviver neste hospício horripilante
E não tem como descobrir a nossa cura
pois a loucura é o nosso próprio gosto


Junior Core


 

Na boca do lixo

Magnifico submundo
exuberância de pobreza
concreto rachado
descansando na sarjeta


Prostitutas e mendigos
travestis e maltrapilhos
esperando pelo vicio
cocaína seu perigo


Overdose de loucura
boca dormente
coração acelerado
tenso, muito tenso


Vigarista e cafetão
em busca do dinheiro
venda do sexo
prazer e devaneio


Trombadinha na espreita
inocente e a carteira
rápido feito gavião
sumiu na multidão


Marginal alado
vagabundo nato
cultura de rua
por instinto ou aventura


Aborto e desprezo
bastardo e indigente
adulto ou criança
animal ou gente


Loucos e suicidas
anônimos e vigias
na selva de pedra
o que você faria ?


Junior Core

Chegou a hora do palhaço mostrar o outro lado do circo

O último romântico se foi querida
e sem deixar ao menos um recado
A última nota foi tocada
e nem me recordo da melodia


Sem tempo nem pra pensar meu amor
e o relógio que continua a me crucificar
Já não se ouve mais aplausos
do palhaço que deixou de ser engraçado


Sem justificativa pros nossos erros imperdoáveis
querendo colocar exclamação onde só tem interrogação
Assim termina o nosso show meu anjo
nem o sabor do teu beijo posso sentir


Atrás dessa cortina existem vários personagens
e uma alcatéia de lobos nos observando
Sedentos por nossa carne e nossos ossos
esperando apenas que a cortina se abra


O mundo é mesmo maluco Sofia
e nem ao menos tive outra chance
Tentei ser engraçado para os outros
e deixei de ser engraçado para mim


Junior Core

Retalho

Pulso, sangue e intensidade
gosto humano e selvagem
Demasiado esquisito
entre a salvação e o abismo


Vivendo loucamente minha lucidez
as vezes com dúvida
entre o talvez e o em vez
independente do que fez


Poeta por opção
este sou eu
Eu por eu


Junior Core

Entre o tempo e a memória

Tantas noites passei acordado, tentando deduzir aquilo que tinha um sim. Tantas e tantas noites fiquei acordado, esquecendo que a noite tem fim. Tantos e tantos dias fiquei esperando a noite chegar, pra cometer o mesmo erro enfim.


Junior Core 

A noite da orgia

Todo pudor foi despido
sem temer o pecado e o juizo
da libertinagem seu abrigo
deliciosamente a nossa libido


Devorando loucamente nossos corpos
sobre o sofá, no chão em cima da mesa
se entregando para nossa safadeza
saboreando a nova carne fresca


Manicômio sexual escancarado
todo sexo sujo praticado
da gonorréia infectando nossa alma
e a sífilis tirando a nossa calma


Homens e mulheres no ápice
da devassidão seu álibi
realizando todos os seus desejos
do gozo que desce pelo seu queixo


Moças de familia se entregam
promiscuidade que as libertam
vaginas molhadas que esperam
pelo pênis que as penetram


Delírios e gemidos se misturam
corpos sobre corpos se abusam
orgia e insanidade se rebelam
nesta noite quente de entrega


Junior Core